quinta-feira, novembro 30, 2017

Síndrome de Richter

Síndrome de Richter

Síndrome de Richter é uma complicação rara da LLC, em que há uma evolução para uma forma mais agressiva, em que as células B apresentam um crescimento mais rápido.
O síndrome de Richter se apresenta em 2-8% dos casos de LLC.
Os doentes com síndrome de Richter apresentam sintamatologia B: febre, emagrecimento e perda de massa muscular e adenopatias. O tumor acelera-se num ou mais gânglios, atingindo o fígado, pele , ossos e tracto gastrointestinal. Mesmo em doentes com LLC em remissão, o síndrome de Richter pode aparecer de forma repentina, tendo um prognóstico muito grave, com sobrevida da ordem dos 5-8 meses.
Na transformação de LLC, no síndrome de Richter, pode haver evolução para linfoma não-Hodgkin com alto grau de malignidade, mieloma múltiplo ou leucemia linfoblástica ( LLA ) ou prolinfocítica.
A evolução mais frequente de LLC, nas situações de síndrome de Richter, é para linfoma não Hodgkin difuso de grandes células ( ocorrendo em 65-70% das evoluções de LLC para síndrome de Richter )

O síndrome de Richter caracteriza-se pela presença de febre, emagrecimento, adenopatias assimétricas e de crescimento rápido, deterioração clínica, aumento de LDH e sobrevivência de 5-8 meses.

A evolução da LLC pode dar-se no sentido de linfoma não Hodgkin difuso de grandes células ( 65-70% das situações ), leucemia pro-linfocítica ( 15-20% dos casos ), doença de Hodgkin ( aparece em 15% dos casos ) ou mieloma múltiplo ( ocorre em menos de 1% das situações ) ou LLA ( também em menos de 1% dos doentes ).
A transformação imunoblástica é reconhecida na LLC e apresenta-se em 3-5% dos casos. Raras vezes a transformação tem localização na medula óssea e dificilmente as células transformadas são observadas na circulação periférica, sendo nestes casos células semelhando as da leucemia aguda com blastos grandes expressando imunoglobulinas de superfície da membrana ( SmIg )e alguns marcadores de LLC. O síndrome de Richter apresenta muitas vezes monoclonalidade proteica sérica ou cadeias leves na urina. A hipercalcemia, rara na LLC-B, pode ser um sinal de síndrome de Richter.
A evolução para leucemia a prolinfócitos corresponde a 15-20% dos casos de síndrome de Richter, ocorrendo a transformação em 2-5% dos doentes e 24-36 meses após o diagnóstico de LLC ter sido feito, tendo uma sobrevida de 6-12 meses. De início insidioso, cursa com esplenomegalia volumosa e adenopatia progressiva. Anemia, trombocitopenia e aumento do número dos prolinfócitos verificam-se, sendo que mais de 30% das células leucémicas são prolinfócitos de origem B ou T. Hipercalcemia não é frequente e as células B são CD5 negativas e SmIg fortemente positivas.

Cerca de 1% das LLC originam síndrome de Richter com evolução para doença de Hodgkin, o que representa cerca de 15% de todos os casos de síndrome de Richter, surgindo 44 meses após o diagnóstico de LLC ser feito, com sintomatologia B em mais de metade dos doentes, doença em estadio III-IV, com esplenomegalia e anemia hemolítica auto-imune. Tem uma sobrevida de cerca de 13 meses.

Em menos de 1% dos casos de síndrome de Richter, a transformação é feita para mieloma múltiplo com sintomatologia sistémica ( febre, emagrecimento ) e lesões extra-ósseas.
A evolução do síndrome de Richter para LLA apresenta-se em menos de 1% dos casos de síndrome de Richter, sendo esta evolução para LLA indistinguível da LLA de novo.


Patogénese

  • Citogenética: trissomia 12 é uma anormalidade citogenética comum, podendo associar-se a outras alterações cromossómicas ou aparecendo isolada. A trissomia 12 pode ser um marcador de transformação de LLC em leucemia a prolinfócitos
  • Imunossupressão: nos doentes com LLC, o sistema imune dos doentes é deficiente, apresentando os doentes um maior risco de uma segunda neoplasia surgir. Imunossupressão provocada por terapêutica pode contribuir para surgimento de síndrome de Richter
  • p53: gene cuja mutação se relaciona com o surgimento de prolinfócitos, como acontece com a trissomia 12
  • c-myc: proto-oncogéneo encontrado nos tumores com alto índice mitótico, pode relacionar-se com síndrome de Richter que apresenta transformação blastóide ( LLA ) e linfoma não Hodgkin difuso de grandes células ( LDGC )
  • EBV: este vírus, em doentes com LLC, tem-se associado à transformação para LDGC e doença de Hodgkin

O síndrome de Richter pode ser induzido por processo viral ou mutações genéticas, apresentando-se os doentes com uma sobrevida curta, mesmo tratados agressivamente com quimioterapia, sendo que a sobrevida depende da variante do síndrome de Richter.


Em conclusão podemos dizer que o síndrome de Richter é uma situação rara, muito grave, na qual a LLC se transforma em linfoma de crescimento rápido. No síndrome de Richter, os doentes apresentam sintomatologia B: febre, emagrecimento, perda de massa muscular, adenopatias, astenia.

Ño síndrome de Richter, o fígado, pele, osso e tracto gastrointestinal são atingidos.

domingo, novembro 19, 2017

Resumo estatístico do 5º ano do blogue

Resumo estatístico do 5º ano do blogue

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sábado, setembro 16, 2017

Chocolate: alimento cerebral

Chocolate: alimento cerebral

Foi estudada a acção dos flavonóides do cacau sobre o cérebro, por administração aguda e crónica, observando-se os efeitos a nível dos domínios cognitivos.

Foram observados resultados diversos, e inesperados, da administração do cacau. Assim verificou-se que após uma noite mal dormida, o cacau tem a capacidade de actuar contra os problemas cognitivos daí resultantes, nomeadamente menor eficácia do desempenho das tarefas. Verificou-se, contudo, que os efeitos são dependentes da extensão e exigência mental dos testes cognitivos, sendo que nos jovens apenas nos testes bastante exigentes os efeitos comportamentais subtis dos flavenóides do cacau, sobre a eficácia cerebral, foram observados.
Indivíduos idosos beneficiam, do consumo diário dos flavonóides do cacau, por um período prolongado, sob o ponto de vista cognitivo. A velocidade de processamento da informação, a atenção e a memória operacional, são muito beneficiadas pela ingestão de flavonóides do cacau, sendo estes benefícios mais relevantes nos indivíduos que começam a apresentar problemas a nível da memória ou outros problemas cognitivos leves.


O chocolate preto é uma fonte importante de flavonóides do cacau na alimentação e, assim, é aconselhável a sua ingestão diária em quantidades razoáveis.

Vitamina D e queimaduras solares

Vitamina D e queimaduras solares

Foi demonstrada a utilidade da vitamina D no combate às queimaduras solares, sendo que a administração de vitamina D uma hora após a queimadura solar diminui de forma significativa a sintomatologia, nomeadamente a inflamação, tumefação e ruborização das zonas afectadas.
A dose administrada de vitamina D deve ser alta, da ordem das 50000 a 200000 UI, sendo que quanto mais elevada for a dose, menores os sinais de queimadura se observam, inclusivamente a actividade genética que se relaciona com a reparação da barreira cutânea após 48 horas de se ter feito a queimadura.
Destes estudos se conclui que a vitamina D aumenta os índices cutâneos da enzima anti-inflamatória arginase-1, enzima que promove o aumento da reparação tecidular após terem sofrido os danos, contribuindo também para activar outras proteínas com actividade anti-inflamatória.

Estes estudos, ainda em fase preliminar, não podem servir de base à administração de vitamina D nos casos de queimadura solar, dado que as doses vitamínicas administradas são muito elevadas, pelo que são precisos mais estudos para ser apurada a terapêutica baseada na vitamina D.

Suplementação de vitamina D: utilização de vitamina D2 ou D3?

Suplementação de vitamina D: utilização de vitamina D2 ou D3?

Foi demonstrado que a suplementação de vitamina D é diferente consoante se use vitamina D2 ou vitamina D3, ao contrário do que é aceite globalmente.

Foi observado que a vitamina de origem animal ( vitamina D3 ) tem sensivelmente uma eficácia dupla da de origem vegetal ( vitamina D2 ) quando se pretende o objectivo de subida de concentração sérica humana da vitamina D, tendo sido observados valores de subida da ordem dos 74-75% nos doentes que tomaram vitamina D3, enquanto que a subida da concentração de vitamina D no soro dos doentes suplementados com vitamina D2 se ficou pelos 33-34%, num período de tratamento de 12 semanas.

domingo, julho 09, 2017

Electroforese das proteínas séricas

Electroforese das proteínas séricas


No plasma humano existem mais de 500 proteínas sendo, entre outras, proteínas transportadoras, anticorpos, enzimas e seus inibidores, factores de coagulação e muitas outras.
Tanto em doenças agudas como crónicas, a diminuição das concentrações proteicas no soro e suas quantificações em termos percentuais apresentam grande valor diagnóstico.
A electroforese das proteínas é uma técnica que consegue separar as proteínas séricas, entre si, baseando-se na migração de cada proteína provocada por uma corrente eléctrica que se aplica.
Electroforese das proteínas do soro é um exame analítico que é pedido quando se investiga um doente com sintomatologia que faça suspeitar de mieloma múltiplo.


Também pode ser requesitado para investigar situações de concentração anormal de proteínas e/ou albumina, proteinúria, hipercalcémia e diminuição da contagem dos eritrócitos ou leucócitos. Nos casos de suspeita de doença inflamatória, doença auto-imune, infecção aguda ou crónica, hepatopatias ou nefropatias ou alguma patologia que origine perda proteica, deve ser pedido o estudo electroforético de proteínas.
Na normalidade, a electroforese separa 5 bandas: albumina, α1-globulina, α2-globulina, β-globulina ( que se pode subdividir em β1-globulina e β2-globulina ) e γ-globulina. É possível, por vezes, observar-se uma banda anterior à da albumina, denominada pré-albumina. Enquanto a banda da albumina é bastante homogénea, já as restantes bandas são, normalmente, muito heterogéneas constituídas por uma mistura de diferentes proteínas.

Padrão electroforético normal



  1. Pré-albumina: sintetizada no fígado, é a proteína transportadora da tiroxina ( T4 ) e tem papel significativo no metabolismo da vitamina A. Muitas vezes não observável na electroforese com padrão normal dada a sua baixa concentração sérica. A electroforese do LCR revela-a pois passa a barreira hematoencefálica bem como é sintetizada no plexo coróide. Encontra-se, a pré-albumina, diminuída em situações de hepatopatias e infecções agudas de etiologia diversa, estando aumentada em doentes a fazerem esteróidoterapia ou com falência renal e na gravidez. A pré-albumina é um bom marcador do estado nutricional dada a sua semi-vida curta e ser bastante sensível ao aporte alimentar;
  2. Albumina: constitui cerca de 60% das proteínas séricas, é de síntese exclusivamente hepática. A albumina apresenta 20 variantes genéticas, sendo a mais comum a albumina A. esta variação pode ocasionar o surgimento de uma banda larga ou 2 faixas distintas, a que se chama de bisalbuminemia. Para ser visualizada na electroforese uma diminuição da concentração de albumina, é preciso ter havido, pelo menos, uma perda de um terço da sua concentração;
  3. Banda da α1-globulina: α1-antitripsina constitui cerca de 90% das proteínas desta banda, sendo que a ausência de α1-antitripsina na electroforese só é detectável nos casos de homozigotia. É uma proteína de fase aguda. Os restantes 10% de proteínas desta banda são formadas por α1-glicoproteína ácida, α-fetoproteína, protrombina, transcortina, globulina ligadora da tiroxina e outras. Eleva-se em doenças inflamatórias agudas e crónicas, neoplasias, traumatismos ou cirúrgias, gravidez e com terapêutica estrogénica. No hepatocarcinoma aparece aumentada, dada a subida da α-fetoproteína;
  4. Banda da α2-globulina: migram nesta faixa a haptoglobina, α2-macroglobulina e a ceruloplastina. É muito raro encontrar-se alteração desta faixa dado que a diminuição duma proteína que migra nesta banda é compensada pela subida de outra que migra na mesma faixa. α2-Macroglobulina eleva-se no síndrome nefrótico. Haptoglobina e ceruloplasmina elevam-se em situações de fase aguda. Haptoglobina baixa em hepatopatias graves, anemia megaloblástica ou em casos de hemoglobina livre como situações de hemólise e na corticoterapia;
  5. Banda da β-globulina: é nesta faixa onde migram as β-lipoproteínas ( LDL ), transferrina, componente C3 do complemento bem como outros componentes do sistema complemento, β2-microglobulina e anti-trombina III. Raramente há redução desta banda. Transferrina sobe em casos de baixa de ferro. Doenças que originam aumento lipídico como hipotiroidismo, cirrose biliar ou nefrose, ocasionam aumento da LDL e, desta forma, aumento desta banda. Cirrose hepática quase sempre cruza com aumento desta faixa e, por haver subida da IgA, origina fusão β-γ. Esta fusão também pode aparecer em casos de artrite reumatóide;
  6. Gamaglobulina: composta pelas imunoglobulinas, sendo a IgG a que predomina. Na área de junção com a β-globulina migram as restantes imunoglobulinas e a PCR. Aumento desta banda sugere aumento policlonal das gamaglobulinas associadas a doenças inflamatórias crónicas, reacções imunológicas, hepatopatias ou neoplasias disseminadas. Infecções virais crónicas e, menos frequentemente, infecções bacterianas como pneumonia a pneumococo e hepatite crónica activa podem ocasionar o aparecimento de bandas oligoclonais. Tuberculose, sarcoidose, linfogranuloma venéreo e sifílis terciária podem aumentar esta banda. Linfomas, doença de Hodgkin e LLC podem também aumentar a banda das gamaglobulinas. Mieloma múltiplo e doença de Waldenstrom exibem pico monoclonal.

Padrões típicos de electroforese de proteínas séricas

  • Gamapatia policlonal: onde a fracção elevada corresponde a fracção de globulinas; há que excluir a gamapatia monoclonal;


  • Síndrome nefrótico: padrão electroforético demonstra perda crónica de albumina e IgG e retenção de proteínas de alto peso molecular ( α2-macroglobulina e outras );


  • Cirrose hepática: fusão beta -gama


  • Inflamação aguda: discreta diminuição de albumina e γ-globulina e aumento da α2-globulina, sendo por vezes superior à fracção γ-globulina;


  • Proteína monoclonal: aparece um pico monoclonal na região gama;


  • Gamapatia biclonal.



No traçado electroforético, podem aparecer bandas normalmente não visualizáveis como um pico entre a albumina e a α1-globulina, representando um aumento da alfa-fetoproteína. Subida grande da concentração de PCR pode causar o aparecimento de uma faixa na região das gamaglobulinas. Depois da região gama, pode surgir uma banda causada pelo aumento de lisozima em situação de leucemia monocítica.
Pico monoclonal aparece na região gamaglobulina, menos frequentemente na região β-globulina e, em casos raros, na região α2-globulina, consistindo dum pico delgado, homogéneo e fusiforme, que geralmente se associa a mieloma múltiplo ou macroglobulinemia de Waldenstrom, gamapatias secundária monoclonal e idiopáticas.

Um padrão electroforético de proteínas séricas apresenta os seus valores de referência como sendo:
 - Proteínas de 6.4 a 8.1 g/dl
 - Albumina  de 4.0 a 5.3 g/dl  numa percentagem de 56.4 a 71.6 %
 - banda da α1-globulina de 0.1 a 0.3 g/dl numa percentagem de  1.9 a 4.5 %
 - banda da α2-globulina  de 0.5 a 1.1 g/dl numa percentagem de 7.3 a 15.0 %
 - banda da β-globulina  de 0.4 a 0.9 g/dl numa percentagem de 6.2 a 11.5 %
 - banda da γ-globulina  de 0.5 a 1.4 g/dl numa percentagem de 7.8 a 18.2 %
 - Relação albumina/globulina de 0.9 a 2.0

Situação de enfarte do miocárdio cruza com aumento de α1-globulina e α2-globulina.
Mieloma múltiplo, cujo pico monoclonal é característico na banda gamaglobulina, também revela diminuição da albumina.


Na região entre a albumina e a α1-globulina migram a alfa-fetoproteína e a α-lipoproteína. Enquanto em indivíduos normais a concentração de alfa-fetoproteína é reduzida, e como tal não se observa num padrão electroforético normal ( nos recén-nascidos a concentração é mais alta e observa-se esta banda ), já a α-lipoproteína não é geralmente visualizável, dada a fraca afinidade pelo corante usado.



Imunização realizada nos últimos 6 meses pode causar aumento das imunoglobulinas. Também medicamentos como a fenitoína, procainamida, contraceptivos orais, metadona e gamaglobulinas podem originar aumento das imunoglobulinas e assim alterar o traçado da fracção gama globulina na electroforese. Aspirina, bicarbonato, clorpromazina, corticóides e neomicina também podem alterar o traçado electroforético.

As proteínas séricas, que se dividem em 5 grupos identificados na electroforese das proteínas, são as seguintes:
  • albumina com função no transporte de substâncias e crescimento e reparação dos tecidos;
  • banda da α1-globulinas cujos níveis se elevam nas doenças inflamatórias;
  • banda da α2-globulinas envolvidas na inflamação;
  • banda da β-globulinas que transportam substâncias, ajudam na imunidade e elevam-se em situação de mieloma múltiplo, hipercolesterolemia e aterosclerose;
  • banda da γ-globulinas com acção no sistema imunológico, aumentam no mieloma múltiplo, doenças auto-imunes como artrite reumatóide ou LES.



De entre as proteínas que migram na banda das β-globulinas, a transferrina é a que possui o mais rápido padrão electroforético enquanto que C3 é a que possui a migração mais lenta e a sua queda relaciona-se com doença glomerular.
Na banda α2-globulina migram, entre outras proteínas, a haptoglobina, a α2-macroglobulina, a ceruloplasmina, a eritropoietina e a colinesterase.


Interpretação e correlação clínica da electroforese das proteínas

  1. Pico policlonal: é um traçado que se visualiza numa resposta imunológica simultânea de diversos clones plasmocitários a um estímulo antigénico inflamatório, imune ou infeccioso como sejam tuberculose, esquistomatose, kalazar, sarcoidose, linfogranuloma venéreo, sífilis, artrite reumatóide, LES e politransfusão de componentes sanguíneos. A fracção gama da electroforese apresenta aumento difuso, representado por uma curva de base larga, significando produção de todas as classes de imunoglobulinas;
  2. Pico monoclonal: traçado representativo de um aumento homogéneo e fusiforme da fracção gama, devido a hiperprodução por um só clone plasmocitóide de uma imunoglobulina específica. O traçado mostra uma curva de base estreita e altura superior ao dobro da base. Quando a IgA é a imunoglobulina envolvida, esta pode apresentar o pico monoclonal na região da β-globulina.

A relação albumina/globulina pode dar importantes informações para o diagnóstico. Assim, uma relação baixa pode apontar para hiperprodução das globulinas, como acontece nas doenças auto-imunes, ou uma produção deficitária de albumina, como acontece na cirrose. A relação albumina/globulina elevada aponta para uma produção deficitária das imunoglobulinas, como acontece em alterações genéticas e algumas leucemias.

Outra zona do traçado electroforético é a chamada interzona albumina-alfa1 que não é uma curva mas sim um espaço totalmente branco, onde migram a alfa-fetoproteína e a α-lipoproteína, que não são habitualmente visíveis, a primeira ( α-FP ) por se apresentar em concentrações muito baixas e a segunda ( α-lipoproteína ) pela muito fraca afinidade aos corantes utilizados. A α-lipoproteína aumenta em casos de alcoolismo crónico, subnutrição ou hepatopatia grave. No recém-nascido a α-FP apresenta-se mais elevada do que nos adultos e, assim, apresenta-se visível no traçado electroforético normal.



A α1-antitripsina, que corresponde a cerca de 90% das proteínas da fracção α1-globulina, tem por função neutralizar as actividades das enzimas proteolíticas bacterianas ou leucocitárias que actuam nos processos inflamatórios agudos, e assim a α1-antitripsina sobe nestes processos inflamatórios agudos com correspondente aumento da fracção α1-globulina. Hepatopatias agudas ou crónicas mostram aumento de α1-antitripsina, que diminui nas fases terminais da cirrose hepática. Outras proteínas que migram na fracção α1-globulina são a α1-glicoproteína ácida ( cuja subida não é manifestada no traçado electroforético dada a baixa afinidade pelos corantes ) e a α1-antiquimiotripsina ( que aumenta na fase aguda inflamatória e se visualiza na traçado electroforético por técnicas de nível 3 ).

Na zona da α2-globulina migram a α2-macroglobulina, com mobilidade maior, e a haptoglobina. A haptoglobina, que forma um complexo com a hemoglobina livre no plasma, é removida por fagocitose das células do sistema retículo-endotelial, apresentando-se reduzida em casos de hemólise.
A haptoglobina também é uma proteína de fase aguda positiva aumentando nos processos inflamatórios agudos.




Na zona β-globulina migram a transferrina e o C3, sendo que esta é um mediador de reacções imunitárias e a sua diminuição significa consumo da activação da cascata do complemento. O C3 participa também nos processos inflamatórios agudos, mostrando elevação nas fases tardias.
A β-lipoproteína também migra nesta zona mas não é revelada dada a fraca afinidade aos corantes.
Bandas monoclonais podem encobrir esta zona β-globulina.



A antibioterapia pode causar uma situação conhecida por bisalbuminemia, que é revelada na electroforese por aparecimento de 2 picos na faixa da albumina. Bisalbuminemia também pode aparecer em doentes com ascite ou pseudoquisto pancreático.
A interzona albumina/alfa-1-globulina, pode revelar aumentada intensidade em casos de alcoolismo crónico e na gravidez.
Na banda α2-globulina migram a haptoglobina, α2-macroglobulina e a ceruloplasmina. A banda β-globulina subdivide-se em 2 fracções: β1-globulina, onde migram a transferrina e hemopexina, e β2-globulina, onde migra o complemento C3.

O aumento dos níveis das imunoglobulinas que se reflete na banda das gamaglobulinas na electroforese, pode apresentar a forma policlonal, monoclonal ou oligoclonal.




Picos policlonais surgem em situações de infecção, inflamação crónica, hepatopatias e neoplasias e refletem produção heterogénea de anticorpos.
Dois ou mais picos monoclonais aparecem em situações de bandas oligoclonais e surgem em hepatite aguda fulminante, infecções virais crónicas, infecções bacterianas e imunodeficiência.
Já os picos monoclonais resultam da produção acrescida de uma só classe ou subclasse das imunoglobulinas produzidas por linfócitos B ou plasmócitos.


 


Taxas elevadas das proteínas do plasma aparecem em função quer do aumento da produção das globulinas quer da hemoconcentração que se verifique.

As imunoglobulinas migram na zona das gamaglobulinas, podendo ainda atingir a banda das β-globulinas. No entanto, constituem um acúmulo heterogéneo de proteínas sendo que a IgA é a com maior mobilidade ( a mais anódica ) enquanto a IgM é a menos anódica. A IgG ocupa a posição intermédia.



As principais gamapatias monoclonais malignas são o mieloma múltiplo, amiloidose, macroglobulinemia de Waldenstrom, plasmocitoma e doença de cadeias pesadas. MGUS é uma situação benigna em que há aumento monoclonal de plasmócitos e verifica-se uma incidência de 1% ao ano de progressão para uma das gamapatias malignas atrás mencionadas.



As gamapatias monoclonais estão associadas a processos malignos e potencialmente malignos enquanto que as gamapatias policlonais se associam fundamentalmente a reacções inflamatórias ou reactivas com regressão expontânea. Gamapatias monoclonais também se associam, para além dos processos malignos, a doenças hematológicas como leucemias ou linfomas e outros, doenças reumatológicas, neurológicas, dermatológicas ou imunossupressoras.



domingo, junho 04, 2017

Vitamina D na gravidez e prevenção de asma do recém-nascido

Vitamina D na gravidez e prevenção de asma do recém-nascido

O recém-nascido pode ser protegido contra a asma e infecções respiratórias pela toma de vitamina D pela grávida.
Esta toma de vitamina D pela grávida altera de forma positiva o sistema imunitário do recém-nascido proporcionando defesas contra infecções respiratórias.


Concentrações séricas elevadas de vitamina D na grávida podem alterar a resposta imunológica de recém-nascidos ajudando a proteger a criança de vir a sofrer de asma.

Relação entre ingestão de álcool e cancro da mama

Relação entre ingestão de álcool e cancro da mama

O risco de aparecimento de cancro da mama aumenta com a ingestão de álcool, mesmo em quantidades tão baixas como um copo de vinho por dia. Já o exercício físico intenso, como a corrida, pode diminuir aquele risco, tanto em mulheres em pré-menopausa como em pós-menopausa, em cerca de 17% e 13% respectivamente.

Consumos tão baixos como 10 g/dia de álcool ( correspondente a um pequeno copo de vinho diário ) aumentam em 9% e 5%, respectivamente, o risco de cancro da mama em mulheres pós-menopausa e pré-menopausa.

Exercício físico não intenso também tem acção na redução do risco do cancro da mama, mas em valor inferior ao referido para a prática de exercício físico violento, atingindo os 13% de diminuição do risco.

Obesidade é um factor que aumenta o risco de cancro da mama. Pelo contrário, amamentar diminui aquele risco bem como o consumo de alimentos ricos em vitamina D e carotenóides.

Factor desencadeante das doenças auto-imunes

Factor desencadeante das doenças auto-imunes

Estudos revelaram a existência de um factor desencadeante de patologias auto-imunes, como doença de Crohn, LES ou esclerose múltipla.
Esta descoberta ajuda a entender a maior incidência destas patologias nas mulheres.

As células B têm um papel importante nas doenças auto-imunes e foi identificado um subtipo B que se acumula em doentes auto-imunes, sendo este subgrupo denominado de células B associadas ao envelhecimento ou ABC. O factor de transcripção T-bet tem importância fundamental no surgimento das células ABC.
Os factores de transcripção associam-se ao DNA, intracelularmente, causando expressão de um ou mais genes. O factor de transcripção T-bet surge dentro da célula quando são estimulados receptores de superfície das células B, nomeadamente TLR7, γ-interferão e receptor de célula B.

Foi verificado que as células ABC se desenvolvem quando o factor T-bet se expressa sobre as células B. Estudos demonstraram que a supressão do factor T-bet leva a que a doença auto-imune não se desencadeie.

Conclui-se que as células ABC se associam às doenças auto-imunes e são mesmo a sua causadora.

A localização da gordura corporal é capaz de predizer risco oncológico

A localização da gordura corporal é capaz de predizer risco oncológico

Estudos verificaram que a localização da gordura corporal é um indicador de risco oncológico pelo menos de igual valia ao IMC.
A localização da gordura na cintura e ancas aumenta o risco de desenvolvimento de um cancro relacionado com a obesidade.
Um aumento de 11 cm de perímetro abdominal ao nível da cintura pode aumentar o risco de cancro relacionado com a obesidade em 13% e um aumento de 8 cm ao nível das ancas faz subir aquele risco em 15%.
O aumento da gordura corporal pode alterar as concentrações das hormonas sexuais, nomeadamente estrogéneos e testosterona, podendo aumentar a insulinemia e conduzir à inflamação, sendo que estes são todos factores que se associam a um maior risco oncológico.

A obesidade é um factor de risco oncológico para 13 tipos de cancros diferentes, entre os quais se incluem o cancro da mama, intestinais e do pâncreas.

Chocolate e redução de risco de fibrilação auricular

Chocolate e redução de risco de fibrilação auricular

Estudos demonstraram que consumo moderado de chocolate pode ter acção preventiva sobre o risco de fibrilação auricular.
Foi verificado que consumo de chocolate, se abusivo, tem no entanto resultados contrários, podendo aumentar o risco de surgimento de fibrilação auricular.

Aceita-se actualmente que ingestão de pequenas a moderadas quantidades de cacau tem impacto positivo na saúde.

Identificação do gene da DII

Identificação do gene da DII

Foi verificado que a função de MDR1 é inferior nas biópsias de intestino de doentes com DII comparativamente com pessoas sem aquela patologia.
O gene MDR1 tem função sobre um sistema importante de extracção de toxinas nos intestinos e retira os compostos que prejudicam as células do intestino sendo que quando o gene MDR1 é bloqueado, as células intestinais apresentam alteração de partes vitais com desenvolvimento de patologia intestinal.
Estudos recentes demonstram que este mecanismo secundário ao mau funcionamento do gene MDR1 pode ser revertido com drogas e assim poderá ser aberto caminho para ser descoberta a causa da DII e sua terapêutica curativa.
Verifica-se que células com mutação do MDR1 apresentam disfunção mitocondrial, organelos essenciais à produção de energia celular e à saúde da célula. Esta disfunção mitocondrial, foi verificado em experiências, pode resultar no surgimento da colite.

Mitoquinona, um fármaco capaz de proteger as mitocôndrias contra as toxinas, é capaz de reverter a colite e recuperar as células intestinais nas quais se verifica haver mutação de MDR1.

Carência de vitamina D e intolerância à lactose

Carência de vitamina D e intolerância à lactose

Pessoas com intolerância à lactose podem apresentar carência de vitamina D.
O gene responsável pela formação da enzima que degrada a lactose, a enzima lactase, é o gene LCT e verifica-se que indivíduos com mutação deste gene LCT consomem quantidades inferiores de produtos lácteos comparativamente com a população geral. Verificou-se que estes indivíduos portadores da mutação do LCT também têm níveis de vitamina D inferiores ao da população geral. Especula-se que estes níveis baixos de vitamina D são consequência de baixo aporte de produtos lácteos, pois sabe-se que o leite é um alimento que confere alguma quantidade de vitamina D à alimentação, sendo mesmo que há leites consumidos que são enriquecidos em vitamina D.
Verificou-se que doentes com mutação do LCT são de estatura mais baixa do que os não portadores dessa mutação, pondo-se a hipótese de isto se verificar por consumo reduzido de vitamina D pode levar a um menor crescimento ósseo.
É proposto que doentes intolerantes à lactose sejam suplementados de vitamina D.

Verificou-se recentemente que basta uma mutação no gene LCT para ocorrer intolerância à lactose, ao contrário do que era aceite em que se pensava que esta intolerância apenas ocorria em casos de 2 cópias com mutação

quarta-feira, maio 17, 2017

MPV e carência de vitamina D

Aumento do MPV provocado por carência de vitamina D

MPV descreve o tamanho médio plaquetário de um indivíduo.
A importância do MPV advém de proporcionar indicação sobre a produção normal pela medula óssea das plaquetas. A função plaquetária pode estar alterada nas plaquetas maiores.
Verificou-se haver relação entre carência de vitamina D e o MPV sendo que um nível baixo de vitamina D se acompanha de alto MPV.


Doseamento da concentração sérica da vitamina D deve ser efectuado em jejum e, preferivelmente, antes da toma diária. Quando são efectuados suplementos de vitamina D deve realizar-se controlo trimestralmente até atingir os níveis óptimos.

domingo, maio 14, 2017

Risco de enfarte de miocárdio aumenta com terapêutica com AINEs

Risco de enfarte de miocárdio aumenta com terapêutica com AINEs

Verificou-se que o risco de enfarte de miocárdio aumenta muito precocemente ( dentro da primeira semana de tratamento ) com o uso de AINEs comuns ( não COXIB ).
Não estão ainda bem compreendidos muitos factores dos AINEs para o aumento daquele risco como sejam a cronologia do risco, efeito da dose administrada, duração do tratamento e ainda os riscos comparativos entre os vários AINEs.

Verificou-se um aumento de 25% a 60% do risco de enfarte de miocárdio dentro da primeira semana de tratamento com AINEs, sendo o risco superior com doses mais elevadas. 

Onde se iniciam as metástases e porque razão cancros recidivam anos após a sua remissão

Onde se iniciam as metástases e porque razão cancros recidivam anos após a sua remissão

Os cancros invasivos iniciam a sua dispersão celular mais precocemente do que se aceitava até há pouco tempo, sendo que células neoplásicas podem circular na corrente sanguínea ainda antes do tumor primário ser detectado e assim originar metástases só detectadas anos após a sua formação.
Verificou-se recentemente, através de técnicas de marcação celular e observação 3D tumoral, e contrariamente ao que se aceitava até há pouco tempo, que as células das metástases atingem a circulação sanguínea pelos vasos sanguíneos que alimentam o interior do núcleo denso tumoral e não são células da periferia invasiva da massa tumoral.

A libertação de células tumorais para a corrente sanguínea pode ser anterior e independente da invasão do cancro para tecidos adjacentes e, desta forma, metástases podem aparecer mais precocemente do que seria esperado. Esta situação de células neoplásicas se disseminarem por via sanguínea em estadios precoces justifica o facto de doentes com tumores em estado inicial de desenvolvimento apresentarem risco de metastização

Protector solar e risco de carência em vitamina D

Protector solar e risco de carência em vitamina D

Carência de vitamina D pode ter múltiplas etiologias entre as quais se encontram doenças crónicas e uso de protector solar
O protector solar, que tem por objectivo precisamente o de protecção da pele dos malefícios dos raios UVB solares, causa como consequência uma diminuição da produção de vitamina D pela pele.
Existem, no entanto, níveis saudáveis de exposição da pele ao Sol e estes níveis, por um lado, evitam o aparecimento de danos cutâneos, como o melanoma, e, por outro lado, a síntese da vitamina D.
Doenças crónicas com o a diabetes tipo II e doenças relacionadas com a absorpção, como a doença de Crohn, doenças renais e doença celíaca inibem de forma apreciável a capacidade do organismo humano metabolizar a vitamina D originária da dieta alimentar.
Receptores da vitamina D ( VDR ) encontram-se em quase todos os tipos celulares do organismo humano tendo papel importante na modulação do crescimento celular, função imunitária, função neuromuscular e ainda apresentam papel importante na redução da inflamação.


Indivíduos de pele clara sintetizam vitamina D em quantidades superiores à produzida por indivíduos de pele mais escura. Protecção da pele, com uso de protector solar nível 15, pode diminuir em 99% a produção de vitamina pela pele ( vitamina D3 ).